Laboro Blog

1 de abr. de 2008

Empresa quadrada procura candidatos criativos

As empresas têm desenvolvido novos planos de recompensa ou de remuneração para os seus empregados.  Entretanto esquecem de algumas peculiaridades da Criatividade e Inovação: risco, tentativas,  erros,  frustrações. Estes novos planos só premiam aqueles que acertam, os que mais acertam, daí por diante. Se uma empresa premia somente estes, quais serão os loucos que vão arriscar a usar sua criatividade e cometer erros? Se tentativas de criar e inovar não forem reconhecidas, não teremos nenhuma e nem outra.

 

Antes de entrarmos no tema vejamos o que, realmente, quer dizer Criatividade e Inovação.

 

Criatividade é um processo mental no qual usamos a imaginação para desenvolver idéias originais. Inovação é um processo técnico que toma a idéia e adiciona conhecimento e a transforma em um resultado (aqui entendido como produto, serviço, processo). Usando as definições da 3M: "Criar é pensar algo novo"; "Inovar é fazer algo novo".

 

Para obtermos excelentes idéias temos que crescer a base de produção de idéias: incluímos aí todos os empregados, fornecedores, clientes e demais stakeholders. Quanto mais pessoas estiverem produzindo idéias, maiores chances teremos de obter idéias originais. Empresas altamente inovadoras fazem isto, e até já trabalham com o conceito de "cliente criativo".

 

A inovação toma idéia e a transforma em um resultado. Nesse caso a base é muito menor. Somente aqueles que detém o conhecimento específico do tema que estiver sendo trabalhado é que entrarão no processo inovador. Podemos ter boas idéias para um novo telefone celular, mas, para desenvolvê-lo, necessitaremos de especialistas em eletrônica, mecânica, designer, etc.

 

Entrando no tema, muitas empresas vêm procurando candidatos criativos para seus postos de trabalho. Esquecem elas que seus empregados atuais são muito criativos e que, talvez, não estejam usando sua criatividade porque a própria empresa não permite. Logo, vai admitir "gente criativa" para aumentar o volume de frustrações que já existe. Estas empresas esquecem que o conjunto de suas equipes é um manancial imenso de criatividade que não está sendo utilizado.

 

Por outro lado, pensam estas empresas que admitindo pessoas criativas elas ficarão, também, criativas. Sinto muito. Já passei por isto em 1986 e foi um desastre.  Aprendemos com nossos erros.

 

A primeira coisa que a empresa deve saber é que ela tem que ser criativa antes dos seus empregados. Isto quer dizer que deve desenvolver e possuir um conjunto poderoso de Princípios e Valores que estimularão o seu pessoal a criar e inovar. A Diretoria e os Gerentes deverão ser os líderes deste processo. É sair do discurso para a prática. Hoje existem técnicas e inventários que ajudam isto e a empresa pode desenvolver-se muito rapidamente.

 

Imagine você se sua empresa fala em criatividade e inovação, mas os seus líderes não demonstram que realmente estão interessados na questão.  Quem vai estar interessado em criar e inovar?

 

Um dos argumentos para não inovar é que isto é muito caro.  Primeiro, já percebemos que empresas que não estiverem inovando na Era do Novo Conhecimento estarão com seu "prazo de validade" próximo a vencer.

 

Segundo, reclamam que inovar em tecnologia é caro. Não deixa de ser verdade, mas existem vários outros lugares onde a empresa pode fazer isto com custos baixíssimos: Marketing, Vendas, Arranjos Produtivos, Processos, Desenvolvimento de RH, e muitos outros. Fácil de preparar, fácil de implementar, e os resultados são rápidos. Com os ganhos a empresa terá condições de envolver-se em campos que exigem mais investimentos.

 

Finalmente um alerta para os RHs. As empresas têm desenvolvido novos planos de recompensa ou de remuneração para o seus empregados.  Entretanto esquecem de algumas peculiaridades da Criatividade e Inovação: risco, tentativas,  erros,  frustrações. Estes novos planos só premiam aqueles que acertam, os que mais acertam, daí por diante. Se uma empresa premia somente estes, quais serão os loucos que vão arriscar a usar sua criatividade e cometer erros? Se tentativas de criar e inovar não forem reconhecidas, não teremos nenhuma e nem outra.

 

Fonte: Paulo C. A. Benetti - Consultor Sênior do Instituto MVC